O dia 30 de junho foi especial para os 250 alunos do Programa de Atividades Motoras para Deficientes da Universidade Federal do Amazonas (Proamde). A Festa Junina, que faz parte do calendário de eventos, mobiliza professores, alunos e familiares a realizarem apresentações folclóricas, como a lenda do boto, e danças tradicionais, como quadrilha e tipiti.

O processo de preparação ocorre em etapas. Os professores das nove turmas do Programa levam opões para os alunos e estes fazem a escolha do que pretendem apresentar na Festa Junina, sempre considerando a funcionalidade, ou seja, o que cada turma poderá desenvolver. Um dos parceiros na fase de ensaios, que durou cerca de duas semanas, foi o projeto Dança Esportiva para Pessoas com Deficiência (DEPD), coordenado pela professora Lionela Correa.

“Todos participam, porque este é um momento que tem como objetivo estimular a colaboração de todos desde a escolha das danças até a organização das barracas e a apresentação”, explicou a coordenadora do Proamde, professora Minerva Amorim. Ao todo, foram realizadas oito apresentações, dentre as quais as danças Carimbó, Country, Quadrilha, Forró, Boi de Parintins, Bumba Meu Boi na cadeira de rodas e Tipiti, conhecida como de Pau de Fita, também específica para turmas de cadeirantes e seus acompanhantes.

Apresentações – Daniel dos Santos, acadêmico do 3º período do curso de Licenciatura em Educação Física, está há seis meses à frente de uma das turmas do Proamde, cujos alunos são adolescentes com alguma deficiência física ou intelectual. “Nós optamos por dançar Boi, especificamente a música Ritmo Quente. Primeiro, porque é um ritmo regional, e isso facilita na hora de motivá-los a participarem. Segundo, porque alguns acompanhantes já têm alguma vivência com essas toadas”, sustentou Daniel sobre a escolha da apresentação.

52 anos de idade e idas e vindas ao Proamde. Marinete Lima veio com o mesmo look da acompanhante, a irmã Maria de Fátima Lima, 57. Ela é aluna da turma E, composta por adultos com alguma deficiência intelectual, doença mental ou autismo. A turma ficou responsável pela apresentação intitulada ‘Forró tá bom demais’.

“A primeira vez que a Marinete participou do Proamde foi em 2006, mas ela teve de se afastar em 2011, devido a problemas de saúde. Agora em 2016, há um mês, ela retornou e já foi direto participar dos ensaios. Ela está muito animada”, conta Maria de Fátima, avaliando que essas atividades ajudam a melhorar a coordenação motora dos alunos.

Talia Vitória da Silva, 11, estava ansiosa para dançar o Pau de Fita – ou Tipiti, mas teve que esperar até o último momento. Cadeirante, ela participa das atividades do Programa desde os nove anos, e não perde as comemorações. “Eu já participei várias vezes, então já sei como é pra fazer”, comemora a menina. Elidiene Gonçalves, 21, é tia e acompanhante de Talia. Para ela, o evento é muito importante para incentivar a brincadeira e a descontração. “Ajuda eles a desenvolverem não somente a parte física, mas também a parte psicológica”, esclareceu.

Turmas – Cada grupo é distribuído conforme dois critérios básicos, que são a faixa etária e o tipo de deficiência ou doença. Esse critério também ajuda na hora de escolher as atrações típicas apresentadas pelas nove turmas do Programa. Esta foi a ordem de apresentação dos alunos na Festa Junina:

1. Turma A: Carimbó

- Grupo composto por crianças de 2 a 6 anos com alguma deficiência intelectual ou física;

2. Turma B: Dança Country

- Grupo composto por crianças de 7 a 11 anos com alguma deficiência intelectual ou física;

3. Turma F: Quadrilha ‘Atrapalhados na Roça’

- Grupo composto por adultos com alguma deficiência intelectual, doença mental ou autismo;

4. Turma H: Dramatização da Lenda do Boto

- Grupo composto por pessoas sofreram Acidente Vascular Encefálico (AVE) ou Traumatismo Crânio Encefálico (TCE);

5. Turma E: Forró tá bom demais

- Grupo composto por adultos com maior grau de deficiência intelectual, doença mental ou autismo;

6. Turma C: Coreografia de Boi-Bumbá de Parintins

- Grupo composto por adolescentes de 12 a 17 anos com alguma deficiência intelectual ou física;

7. Turma I: Bumba Meu Boi em cadeira de rodas – Auto do Boi

Grupo composto por pessoas que sofreram lesão medular, ou tiveram Poliomielite ou má formação congênita;

8. Turmas D e G: Tipiti do Proamde

- Grupos formados por crianças, adolescentes ou adultos com distrofia muscular ou paralisia cerebral.