II SIQSSAM discute crise ambiental e seu efeito nas políticas públicas

Da esquerda para a direita: deputado Luiz Castro, secretário Antônio Luiz, professoras Débora Rodrigues e Socorro Chaves, professora Márcia Perales, professor Gilson Monteiro, e professoras Simone Baçal, Francileide Bindá e Cristiane FernandezDa esquerda para a direita: deputado Luiz Castro, secretário Antônio Luiz, professoras Débora Rodrigues e Socorro Chaves, professora Márcia Perales, professor Gilson Monteiro, e professoras Simone Baçal, Francileide Bindá e Cristiane FernandezCom o objetivo de discutir a atual crise no meio ambiente promovendo um intercâmbio entre Universidade e sociedade civil, o Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas (PPGSS/UFAM), realiza, até esta quinta-feira, a segunda edição do Seminário Internacional de Questões Socioambientais e Sustentabilidade na Amazônia (II SIQSSAM), com o tema “A crise ambiental e o seu rebatimento nas políticas públicas na contemporaneidade”.

A abertura do evento ocorreu na noite da última terça-feira (01), no Auditório Eulálio Chaves, localizado no Setor Sul do Campus Universitário Senador Arthur Virgílio Filho. Na mesa de abertura, estiveram presentes os professores Dra. Márcia Perales, Reitora da UFAM; Dr. Gilson Monteiro, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESP); Dra. Socorro Chaves, pró-reitora de Inovação Tecnológica (PROTEC); Dra. Simone Baçal, diretora do Instituto de Ciências Humanas e Letras da UFAM (ICHL); Dra. Débora Rodrigues, coordenadora do PPGSS; e a Dra. Cristiane Bonfim Fernandez, coordenadora do SIQSSAM.

Também participaram da mesa de abertura do evento o deputado estadual Luiz Castro, presidente da Comissão de Meio Ambiente, Desenvolvimento Regional e Sustentável da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALEAM); o secretário adjunto de Gestão Ambiental da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), Antônio Luiz Andrade; e a professora MSc. Francileide Bindá, representando o Conselho Regional de Serviço Social (CRESS/AM).

Na ocasião, a professora Márcia Perales falou da ligação entre o evento e o local do evento. “Penso que não é por acaso que nós estamos neste campus de 600 hectares, a maior área verde urbana nativa do Brasil, discutindo questões que tem relação direta com essa região”, afirmou.

Professora Márcia Perales destacou a importância do evento e sua relação com o localProfessora Márcia Perales destacou a importância do evento e sua relação com o localA gestora ainda ressaltou o fato de que diversas ações são realizadas pela Universidade para a conservação da área original do campus. “Há 15 anos, nós já estamos conseguindo conter os processos de ocupação nas áreas limítrofes do campus por meio das ações de extensão. Nós precisamos fazer, muitas vezes, com que a comunidade que vive próximo aos limites do campus entenda que embora seja uma área de todos, não pode ser ocupada por todos, porque ela tem seus limites legais. Essas ações fizeram com que vários problemas que tínhamos, como o avanço dessa ocupação, fossem contidos. Não por muros ou por cercas, mas sim com um trabalho de conscientização pedagógico e educativo”.

Perales ainda destacou que na UFAM, há um conjunto imenso de ações de extensão e pesquisa que envolvem um conjunto de riqueza que há no campus. “Quando nós saímos daqui e visitamos os municípios que possuem unidades da UFAM no interior do Amazonas, nós levamos a Política Ambiental da Universidade, com o fim de estender a preocupação da conservação e as nossas diretrizes para isso”, completa.

Pensar e discutir sustentabilidade

Professora Dra. Cristiane Fernandez, coordenadora do eventoProfessora Dra. Cristiane Fernandez, coordenadora do eventoSegundo a professora Cristiane, um dos objetivos do PPGSS é discutir a sustentabilidade de um ponto de vista em que se une o social com o ambiental. “Quando a gente olha para a natureza, não olhamos apenas a natureza física, mas vemos o homem inserido nela e os impactos que uma destruição ou conservação da natureza terão sobre o homem. A ideia é de que a qualidade de vida seja garantida a esse homem inserido na natureza, já que ele não se separa do meio ambiente”, pondera.

Ainda de acordo com a professora, a sociedade não pode viver sem respeitar a natureza. “Nós vimos o desastre de Mariana e os efeitos que isso trouxe para a flora, para a fauna e para o homem, afetando o sistema como um todo. A ideia aqui, a partir disso, é discutir a sustentabilidade, uma vez que nós vivemos em um mundo em que esse equilíbrio é necessário. Durante o evento, nós teremos a troca de experiências com vários setores, tendo diferentes olhares sobre a questão socioambiental”, completa.

Sentido primário da ecologia

Na ocasião, o deputado Luiz Castro ressaltou que o momento é de construção do conhecimento, que é muito mais do que informação. “O conhecimento precisa buscar a ponte entre a realidade efetiva e o conhecimento teórico, a informação, a conceituação e a contextualização para que possamos interferir de maneira correta e eficiente nas políticas públicas”.

Castro afirmou que é importante tratar a causa ambiental como causa isolada das questões sociais, uma vez que tudo é socioambiental. “O Papa Francisco, na encíclica Laudato Si (“Louvado Sejas”, em italiano) coloca com muita clareza que a ecologia inclui o ser humano. A partir disso, nós voltamos ao sentido do ecológico, ao sentido de que precisamos promover a preservação da nossa grande natureza e imensa biodiversidade”.

Professora Dra. Socorro Chaves, da PROTECProfessora Dra. Socorro Chaves, da PROTECA professora Socorro Chaves relembrou do ano de 2009, quando o mesmo evento foi promovido, mas em âmbito regional. “Fico muito feliz de ver o prosseguimento e a conquista que nós, da UFAM, temos feito. Para mim, esse debate está em um lócus por excelência nas questões socioambientais, uma vez que a Amazônia é um dos contextos de maior riqueza social e ambiental, com uma diversidade incrível de povos amazônidas”, ressalta.

Para a professora Simone Baçal, o PPGSS, com diversas pesquisas desenvolvidas na área de sustentabilidade, foi pioneiro ao colaborar na construção de políticas públicas para a área. “Temos sete programas de pós-graduação no ICHL em nível de mestrado e um curso de doutorado. Todos os projetos de pesquisa desenvolvidos nesses projetos colaboram em processos interventivos. Nós só entendemos o rebatimento disso nas políticas públicas quando elas se tornam concretas”, pondera.

Conferência de abertura

Professor Dr. Clóvis Cavalcanti, da UFPEProfessor Dr. Clóvis Cavalcanti, da UFPEProferida pelo professor Dr. Clóvis Cavalcanti, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a conferência magna teve como tema “A crise ambiental e o seu rebatimento nas políticas públicas na contemporaneidade”.

Na visão do professor, causam-se perturbações ao meio ambiente porque não se sabe usá-lo. “Tiramos mais do que o meio ambiente pode dar e sobrecarregamos com mais dejetos do que ele é capaz de absorver. Essa é a realidade mundial. Com um fenômeno desse tipo, fica difícil promover políticas de desenvolvimento, melhorias do bem-estar e elevação da qualidade de vida, que é o que realmente interessa”.

“Só se pode ter uma sociedade saudável num meio ambiente saudável”, continua o pesquisador. “Pense no caso, por exemplo, do vale do rio Doce, em Minas Gerais. Naquele ambiente, infelizmente, só se pode ter miséria, doenças e infelicidade, já que o meio ambiente foi totalmente violentado por uma ação realizada sem as devidas cautelas e vigilância do Estado”, ressalta.

Cavalcanti completa dizendo que a Universidade precisa assimilar a noção de que nós dependemos da natureza e dos serviços que ela nos fornece. “Precisamos de um cuidado para que a prestação desses serviços não seja prejudicada. Se você não tem uma prestação de serviços da natureza que é a indicada, você pode sofrer. Se não há biodiversidade para manter a qualidade do solo, por exemplo, quem sofre é a sociedade. Não há para onde correr se o meio ambiente não for saudável”.

O evento

O II SIQSSAM vai até amanhã, dia 03 de dezembro. Na programação, estão previstas mesas-redondas e comunicações orais, além de lançamentos de livros e apresentação de pôsteres. 

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