Plantas alimentícias não convencionais amazônicas são ignoradas pela população
Grupos de plantas como Jaracatiás, Cacau, Ararutas, dentre outras, foram apresentadas na conferência 'Hortaliças e frutas não convencionais do Brasil' da 61ª Reunião Anual da Sociedade Interamericana de Horticultura Tropical (Interamerican Society for Tropical Horticulture – ISTH). Proferida pelo professor do Waldely Ferreira Knupp, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas (Ifam), o evento ocorreu nesta quarta-feira (27), no auditório Samaúma da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), Setor Sul.
No inicio da apresentação, o professor Waldely Knupp conceitua a sigla Panc, que significa 'Plantas Alimentícias Não Convencionais' e prossegue caracterizando quais frutas ou hortaliças dessa classificação podem ser usadas como alimento. Entretanto, de acordo com o professor, a falta de valorização e uso real da agrobiodiversidade brasileira faz com que estas estejam em um plano utópico, folclórico e problemático.
Waldely Knupp declarou que para produzir mudas de espécies nativas das mais de 350 catalogadas é necessário que o viveirista, o empresário, ou pesquisador solicite autorização para tal feito. "Acho um contra-senso, em pleno século XXI, solicitar autorização ou pagar um fundo de produção de mudas de espécies nativas. Considero importante que produtor deva receber isenção fiscal e estímulo para produzir mudas nativas", completa.
O professor afirma também que a Amazônia está repleta de alimentos esperando por desenvolvimento de pesquisas, fomento e produção. Um dos casos destacados por ele foi o do ariá, um tubérculo que pode substituir a batata portuguesa (ou inglesa) com valor nutritivo equivalente e praticamente o mesmo gosto. O ariá, tem sido introduzido aos poucos nas feiras de produtos orgânicos realizadas em Manaus e segundo Knupp "os pequenos produtores levam a "batata" amazônica e vendem tudo, demonstrando que o sabor agrada o consumidor".
O Amazonas não produz o que come, mas uma coisa que poucos sabem é que temos produtos agrícolas com as mesmas qualidades dos que importamos e são simplesmente ignorados por órgãos de fomento à agricultura, produtores e consumidores, finaliza.