Ao longo do mês de agosto, o Centro de Ciências do Ambiente da UFAM realiza uma série de debates sobre meio ambiente. Ao todo, quatro palestras estão programadas, que juntas fazem parte do projeto “O Ambiente Além da Sala de Aula: Debate Ambiental”.

A primeira delas aconteceu na manhã de quarta-feira (4), e teve como tema Arquitetura e Urbanismo Sazonal, ministrada pelo professor do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Faculdade de Tecnologia da UFAM (FT), Rodrigo Capelato.

Ao longo de sua participação, o Pesquisador destacou que a sazonalidade de intervenções urbanas é um mecanismo que já vem sendo experimentado em outros países como forma de ocupar as cidades conurbadas (regiões metropolitanas). Só que esse processo é um empecilho para a questão urbana. Manaus, por exemplo, é vítima do processo globalizado de cidade.

“Moro em Manaus há 15 anos. Durante esse tempo, o cenário urbano mudou muito. Hoje ela éProfessor Rodrigo Capelato uma metrópole que vem importando modelos urbanos de outros países. Só que ela não faz esse processo por inteiro. Ela pega o modelo e só coloca. E o indivíduo (manauara, ou morador da cidade), estranha algumas coisas”, explica Rodrigo.

Ainda para o Docente, o cenário posto do urbanismo contemporâneo ajuda a negar as potencialidades amazônicas.  Por conta disso, o morador de Manaus acaba não mais experimentando a Cidade. Ela é apenas um cenário onde ele desenvolve a rotina pré-estabelecida das demandas dele. As peculiaridades vão sendo, aos poucos, expurgadas por conta da visão globalizada de urbanismo.

“Por isso que chamo de Cidades fora do Controle. Toda essa overdose de sintomas urbanos, seja da especulação imobiliária, da gestão pública, do indivíduo, ou do marketing urbano, acontecendo simultaneamente, gera um problema. O indivíduo aparece em todos eles. Mas aparece negado. O indivíduo não estar nesse lugar. Ele vai ficar disponível pra isso que vai ser feito, ou que está sendo feito, e só vai poder participar se puder consumir aquilo. Caso contrário, vai só assistir, e saber que o lugar dele, não é aquele. Isso me preocupa pois a cidade não é isso. A cidade está pra todo mundo”, finaliza o Docente.

Prêmios da Amazônia com inscrições abertas

Além da palestra do professor Rodrigo Capelato, o público presente (professores e alunos das mais diversas áreas do conhecimento) também conheceu dois prêmios com inscrições abertas: Professor Samuel Benchimol e Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente.

Os Prêmios visam, entre outros, promover a reflexão e propor ações sobre as perspectivas econômicas, científicas, tecnológicas, ambientais, sociais e de empreendedorismo para o desenvolvimento sustentável da região amazônica.

As inscrições devem ser realizadas até o dia 30 de agosto pelo site www.amazonia.mdic.gov.br. Serão aceitos apenas trabalhos inéditos, nunca experimentados na região, salvo em casos de projetos-piloto ou iniciativas trazidas com adaptações para replicação na região e devidamente explicitadas na proposta. A solenidade de entrega dos prêmios será em Porto Velho, Rondônia. 

Segundo o professor José Rincon Ferreira, coordenador do Prêmio Professor Samuel Benchimol, a UFAM sempre esteve à frente da Premiação, apoiando na indicação de membros da comissão julgadora, nas vezes em que o Prêmio aconteceu no Amazonas, e também na divulgação.

Ainda para José, o Prêmio Professor Samuel Benchimol é um holofote para as pesquisas produzidas na Região. “Isso tem sido normal na condução dos Prêmios, que foca no indivíduo pensando a Amazônia. Qual minha contribuição para o desenvolvimento da Região? Esse é o papel do Prêmio”, finaliza.

Ciclo de debates no CCA

O Projeto “O Ambiente Além da Sala de Aula: Debate Ambiental” surgiu a partir de professores do Centro de Ciências do Ambiente da UFAM (CCA), que decidiram trazer a discussão dos problemas ambientais para dentro da Academia.

Segundo uma das coordenadoras do Projeto, professora Sandra Noda, docente da Faculdade de Ciências Agrárias da UFAM (FCA), e coordenadora da Rede de Estudos dos Agroecossistemas Amazônicos (REAA), todos os quatro temas dos debates são interligados.  

“Os temas tem esse sentido: que a gente saia da sala de aula e trabalhe o acadêmico, trazendo os problemas externos à Universidade para dentro da Instituição. E nós pretendemos ampliar esse Projeto para outros lugares, levar a discussão dessa temática para os parceiros da Universidade, formando um embrião de movimento social, político, acadêmico, pra que tenhamos uma Universidade diferenciada”, finaliza a Docente.