Acadêmicas de Direito participam de competição internacional de Direitos Humanos
No período de 18 a 22 de maio, as acadêmicas do curso de Direito da Universidade Federal do Amazonas, Paula Carolina Araújo e Brenda Brasil vão à American University Washington College of Law, em Washington (EUA), para participar de uma das mais importantes competições voltadas à promoção do ensino jurídico dos Direitos Humanos, a Competição de Julgamento Simulado do Sistema Interamericano de Direitos Humanos.
A coordenadora do grupo, ladeada pelas alunas selecionadas Paula e Brenda
A competição consiste na apresentação de um caso hipotético, fornecido pelos organizadores do evento, a partir do qual os participantes devem compor um memorial escrito e, também, comparecer a sessões de defesa oral perante um painel de Juízes. De forma geral, o caso envolve várias violações à Convenção Americana de Direitos Humanos, que é um documento-base do Sistema Interamericano para a Proteção dos Direitos Humanos, a constituição desse sistema, e essas violações são discutidas em audiências.
Durante a audiência, os membros e representantes são questionados por juízes (geralmente em número de sete), e ocorrem várias rodadas. Quem acumula mais pontos, o melhor representante do Estado e o melhor representante das vítimas, vai à final. Este ano, o tema fictício é Caso Bolt e Outros VS. República Cardenal, supostamente ocorrido em janeiro do ano 2000, quando uma condução com 23 crianças teria sido sequestrada por pessoas do Movimento Revolucionário Liberdade Boneca (MRLB) e ficou em cativeiro por 90 dias. Invasões abusivas de moradias, torturas e detenções arbitrárias, praticadas por força militar e comando antissequestro teriam acontecido. Ao encontrar o cativeiro, bombas e tiroteio teriam provocado a morte de quatro crianças e dois adultos. Esse caso hipotético é redigido a cada ano por especialistas e profissionais atuantes da área de Direitos Humanos Internacionais, selecionados pelo Comitê Técnico e tendem a refletir os problemas atuais diante do Sistema Interamericano.
Segundo a coordenadora do Grupo de Estudos do Sistema Interamericano de Direitos Humanos (GESIDH), professora Alichelly Carina Macedo Ventura, o Brasil já foi vitorioso no ano passado, pela primeira e única vez, com a equipe da Federal da Paraíba, mas já foi à final várias vezes.
"UFAM também tem crescido na competição e já ganhou várias simulações similares, inclusive a da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República (SNDH-PR) já faz o (ou já sai do) Juri Nacional, e nós (UFAM) ganhamos o segundo lugar no ano passado no Juri Nacional, e a OAB também está fazendo o Juri Sumulado, e a nossa equipe também ganhou o segundo lugar no ano passado, em outubro", explicou.
A coordenadora falou também do processo de seleção, adiantando que os alunos participam de um Programa Institucional de Bolsa de Extensão (Pibex). Este ano, três equipes concorreram. O grupo é coordenado profa. Alichelly Ventura, Catharina Estrella, advogada; Vitor Fonseca, promotor de Justiça; e prof. Sebastião Marcelice, FD.
"Num primeiro momento, eles recebem aulas de Direitos Humanos por seis meses, com vários professores voluntários que trabalham com a temática, de promotores de justiça, a advogados e defensores públicos, como membros de órgãos do Tribunal Regional do Trabalho e Justiça Federal, de forma a prepará-los para a disputa", afirmou.
Após os seis meses, realiza-se um Juri Interno, que escolhe os competidores e a dupla passa a preparar o documento escrito, que é chamado de Memorial e apresentar esse documento no mês de março subsequente.
"Essa defesa oral ocorre em maio. Elas fazem o trabalho sozinhas, não podemos interferir e a partir disso, apresentam o Memorial por escrito e nós começamos a fazer o treinamento das defesas orais entre elas e as pessoas que coordenam o grupo. Os outros alunos que fazem parte do GESIDH fazem outra atividade: palestram sobre a temática ao longo dos seis meses e vão sobre os temas gerais", ratificou, acrescentando: "Este ano, nós escolhemos o tema "Democracia e Igualdade na Escola Pública". Esse desmembramento que vai ser projeto de pesquisa tem o objetivo de usar esse material arrecadado durante os seis meses de aula para fazerem artigos científicos. Isso vai incentivá-los a fazer artigos e publicarem, o que melhora a imagem da Universidade e do próprio aluno", finalizou.
Todos os membros de equipes Participantes, orientadores, observadores e juízes receberão um Certificado de Participação. Todos os semifinalistas receberão um certificado de avançamento. O melhor memorial em inglês, espanhol e português tanto para aqueles representando as vítimas e/ou peticionários e ou comissão.
Para a acadêmica selecionada, Paula Carolina Araújo, a participação no evento é uma realização pessoal.
"Estou entusiasmada, principalmente porque sou caloura e ainda não tive muitas matérias referentes ao tema. Meu contato com os Direitos Humanos foi muito inicial e essa é uma matéria muito apaixonante. Nós estudamos como se estivéssemos dentro da Corte. Quando você não tem conhecimento, você pensa que é algo muito irreal de acontecer, alguém ser torturado, julgado daquela forma, mas você percebe que pode ser real e que o Estado pode ser condenado. A gente se envolve com o tema, vive a tese que vai defender", observou.
Coordenadora do grupo, professora Alichelly Ventura, da FD
Para a segunda selecionada do simulado, a acadêmica Brenda Brasil, a experiência de participar do evento se repete. "Este é o meu segundo ano no grupo. Foi muito estudo, dedicação, mas sei que ainda vai ser preciso muito mais para a competição em Washington, com certeza. Estudar essa área é uma coisa que realmente me inspira para o futuro, porque é algo na qual quero trabalhar, e particularmente, envolve a minha religião, que sofre muitos casos de violação de DH em muitos países. E assim, eu vou tentar aplicar tudo o que eu aprendi aqui no futuro, porque é algo que realmente me inspira", revelou.
Sobre o GESIDH
O grupo nasceu em 2008, com a ida dos alunos de Direito para Washington, para uma competição da Washington College of Law, que recebe alunos dos EUA e do exterior, principalmente se forem das Américas. Temos bastante competidores da América Latina, já que é bastante forte o estudo do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, as universidades apóiam e a UFAM é uma delas, e em virtude dessa competição, eu e essa outra acadêmica, que hoje é coordenadora do grupo, a Katharine Estrela, montamos com o material que nós recebemos da competição um grupo para estudar o SIDH, então é uma simulação que ocorre igual acontece na Corte Interamericana de Direitos Humanos, sediada na Costa Rica.