Mesa-redonda “Alimentação e saúde” abre o segundo dia do V Congresso Internacional de Geografia
A mesa-redonda “Alimentação e saúde: contradições do nosso tempo” abriu o segundo dia do V Congresso Internacional de Geografia da Saúde: ambientes e sujeitos sociais no mundo globalizado, nesta terça-feira, 24, no auditório Rio Amazonas da Faculdade de Estudos Sociais com a apresentação de três palestrantes.
A mesa-redonda foi composta pela a antropóloga do Instituto Colombiano de Antropologia e História, Juana Camacho Segura, pela médica do Centro de Pesquisa Leônidas e Maria Deane (CPqlMD), da Fundação Osvaldo Cruz Amazônia, Maria Luiza Garnelo, pela professora da Universidade de Brasília (UNB), Gabriela Bielefeld Nardoto e pela professora do curso de Geografia da Ufam, Tatiana Schor, que coordenou a mesa-redonda.
A primeira apresentação ficou a cargo da antropóloga Juana Camacho que proferiu a palestra “Comida, ambiente, corpo e Antropóloga Juana Camachosaúde no Caribe colombiano”. A pesquisadora focou na produção e na qualidade da alimentação. Também abordou a questão da contaminação dos alimentos e mostrou dados sobre a contaminação e seus efeitos na saúde da população. Alertou sobre os perigos da mudança de alimentação da população nos dias atuais e a suas consequências para a saúde das pessoas. “A diminuição da produção de alimentos naturais nos centros urbanos tem levado a população ao consumo de produtos industrializados. Essa mudança alimentar e o sedentarismo causa o aumento do número de doenças. A população necessita de políticas públicas voltadas para a melhoria da qualidade de vida, da produção e do controle mais rígido da contaminação dos alimentos. Os alimentos estão vindo pra nossas mesas contaminados e o consumo interfere na nossa saúde”, explicou Juana Camacho.
Já a médica Maria Luiza Garnelo proferiu a palestra sobre os hábitos alimentares da etnia Baniwa, do alto Rio Negro, e as mudanças culturais que vêm ocorrendo na comunidade. O povo Baniwa têm características culturais próprias e estão experimentando mudanças no seu modo de vida. Os novos hábitos se refletem no rito alimentar da etnia ocasionando alterações no sistema de circulação de alimentos dos nativos. “Pesquisamos as condições de saúde do povo Baniwa e encontramos um elevado índice de desnutrição. O modelo nativo de produção alimentar vem sendo substituído pela produção industrializada. A comunidade chega a se alimentar de frango produzido no sul do país. O Sistema Alimentar Baniwa tem íntima interação com a cosmologia, o poder frátrico e a gestão territorial. A preocupação sócio cosmológica com a alimentação tem expressão física na carência nutricional encontrada e refletem na desnutrição da comunidade”, disse a pesquisadora da Fiocruz, médica Maria Luiza Garnelo.
A última palestrante da manhã, a professora da UNB, Gabriela Nardoto, apresentou o tema “Alimentação e Saúde: mapeamento isotópico da dieta em algumas regiões brasileiras”. O conteúdo exposto focou na questão da composição química dos alimentos e seus efeitos nos aspectos alimentares da população. Quais as diferenças dos padrões alimentares do Amazonas com os grandes centros do sudeste do Brasil? Como o carbono se armazena nos alimentos e a possibilidade de rastrear o caminho da proteína no alimento e como age no corpo.