Professor da UFRR aborda o tráfico de mulheres no último dia do Emflor
Professor Rafael da Silva OliveiraAbordando o tráfico de mulheres nas fronteiras entre Brasil, Venezuela e Guianas, o professor da Universidade Federal de Roraima, Rafael da Silva Oliveira iniciou o último dia de atividades da IV edição do Encontro de Estudos de Mulheres da Floresta (Emflor), nesta quarta-feira, 19, no auditório Rio Solimões, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL).
Rafael da Silva Oliveira discorreu sobre a pesquisa desenvolvida junto às mulheres vítimas da exploração sexual em áreas de garimpo. Segundo o pesquisador da UFRR, uma das principais questões envolvendo a temática do tráfico de mulheres é abordar se a vítima estava ciente ou não de que seria explorada sexualmente. Para Rafael, os estudos devem focar-se em avaliar a violência vivida por essas pessoas, independente da forma como elas chegaram a tal situação, se enganadas por falsas promessas de emprego ou não. “No caso do garimpo, quase a totalidade das mulheres foi (para as áreas de exploração) ciente da situação” informou o pesquisador que atua há dez anos com o tema.
O expositor destacou a realidade encontrada pelas mulheres nos locais de prostituição, nos quais são submetidas a vários tipos de violência, como engano quanto a valores, retenção de passaporte e más condições de vida. De acordo, com o professor da UFRR, é importante considerar esses aspectos, que tipificam o tráfico de mulheres, muito mais do que discutir se houve ou não o consentimento das vítimas. “Perdemos a possibilidade de discutir outras formas de violência pelas quais elas passam”, frisou.
Ainda conforme Rafael, apesar do consentimento, as mulheres partem para as áreas de exploração sem saber o que encontrarão. Segundo o pesquisador, as mulheres, ao se deslocarem, já iniciam o processo de endividamento que as manterá presas pelos aliciadores. “Isso ocorre quando elas não têm o financiamento para o deslocamento”, comentou, ao informar que a maioria delas é brasileira e algumas de Manaus.
Para Joel Victor Nascimento, estudante do curso de História, a palestra do professor Rafael Oliveira foi bastante instrutiva por se tratar de um trabalho de pesquisa, contendo dados e informações sobre a situação das mulheres exploradas sexualmente nas fronteiras brasileiras. “A gente faz fronteira, mas não sabe o que se passa lá. As pessoas vão visitar esses países, mas não conhecem esse outro lado deles”, disse. “O Estado consente com essa situação por ser omisso, por não ter vontade de abordar isso. Se ele quisesse realmente tratar a questão, ele poderia”, defendeu.
Joel Victor Nascimento
A IV edição do Emflor, além da palestra do professor da UFRR, prevê para esta quarta-feira a mesa-redonda “Os feminismos e as Experiências dos Grupos de Mulheres”, exposição de pôsteres e apresentações orais em Grupos de Trabalho (GTs). O músico e professor João Gustavo Kienen encerrará o evento com a apresentação do Recital de Piano “Paisagens Amazônicas na obra de Arnaldo Rabello”. A cerimônia que encerra as atividades do Emflor ocorrerá às 17h, no auditório Rio Solimões.
Sob a coordenação do Grupo de Estudo e Pesquisa Observatório Social: gênero, política e poder (GEPOS), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), a IV edição do Emflor tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).